Os Ye’kuana são um povo de língua da família karib. A maior parte da população vive na Venezuela, onde somam cerca de 8 mil; no Brasil, sua população é de aproximadamente 590 pessoas, que habitam três comunidades situadas na área fronteiriça, a noroeste do estado de Roraima e no Amazonas.
Embora sejam vizinhos dos Yanomami, diferem deste linguística e culturalmente. No entanto, as duas etnias mantêm uma intensa rede de trocas composta por diferentes comunidades, localizadas nos dois lados da fronteira.
A denominação "Ye’kuana" pode ser traduzida como "gente da canoa" ou ainda "gente do galho na água". Quando se referem a si próprios, usam a palavra So’to, que significa "gente", "pessoa". São também conhecidos no Brasil como Maiongong.
Suas aldeias se organizam em zonas compostas por círculos concêntricos, tendo ao centro a casa comunal – ou maloca –, que possui uma base redonda e teto em forma de cone. Com capacidade para abrigar cerca de 60 pessoas, a maloca é também dividida internamente em seções circulares. No espaço central são feitas as refeições comunais, recebidas as visitas e realizadas as festas; à noite, esse núcleo se converte em dormitório para os rapazes solteiros. O espaço ao redor desse centro divide-se em departamentos com paredes divisórias que não chegam até o teto; cada departamento abriga uma família.
Nas últimas décadas, os Ye´kuana vêm se inserindo nos centros urbanos, como pode ser constatado em Boa Vista, mas ainda assim mantêm suas tradições alimentares, composta basicamente de sopa de peixe, pimenta e beiju, e o modo de produzi-la. São agricultores, coletores e praticam a caça e a pesca, e possuem, ainda, pequenos animais domésticos, especialmente cães e aves.
Assim como entre outros povos da mesma região, entre os Ye’kuana a cestaria ocupa uma porção importante de sua cultura material tradicional. O gesto de trançar a palha é para eles uma metáfora para tecer a vida. Os anciãos trançam a palha, acompanhados por cantos tradicionais e formando grafismos geométricos em que o verso e o reverso dos desenhos simbolizam a relação entre realidade e ilusão.
Os bancos Ye'kuana também são feitos pelos homens, sempre representando animais. Distinguem-se de outros bancos indígenas pela forma da base característica correspondendo aos membros semidobrados do animal representado pelo banco.
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