Galibi-Marworno

Os Galibi-Marworno habitam as extensas savanas e campos alagados do norte do Amapá. A maior parte da população vive na Terra Indígena do Uaçá, no rio Uaçá, que desemboca no mesmo estuário do rio Oiapoque, marcando a fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. No Uaçá vivem populações etnicamente diversas: Aruã, Maraon, Karipuna (falantes da língua geral derivada da tupi), e Galibi, falantes da língua geral derivada da língua galibi. Mais recentemente, incorporaram à sua autodenominação o termo Maworno, com o intuito de diferenciar-se dos Galibi do Oiapoque. O termo faz referência a etnias ascendentes da atual população, os Maruane ou Maraunu.

A história do contato desses povos com os brancos coincide com a das fronteiras. São populações distintas, migrantes de antigas missões jesuíticas e fugitivas de aprisionamentos tanto dos franceses como dos portugueses, que ao longo da história foram criando redes de alianças e trocas interétnicas. Hoje somam cerca de 1800 pessoas, distribuídas por cinco aldeias. A maior delas é a vila de Kumarumã, com 170 casas, localizada numa grande ilha à margem esquerda do médio rio Uaçá.

Desde a década de 1930 os Galibi-Marworno produzem excedentes de farinha da mandioca para comercialização, usando-a como meio de troca para a aquisição de outros produtos alimentícios. São também exímios construtores de canoas, que vendem, geralmente por encomenda, em Saint Georges, na Guiana, mas também nos rios Oiapoque e Caciporé.

A grande festa ritual dos Galibi-Maworno é o Turé, no qual grandes quantidades de caxiri são consumidas e, entre cantos e danças, o pajé, sentado em seu banco em forma de pássaro e tocando seu maracá, chama os espíritos Karuãna para ajudar seus poderes de cura. O mastro em torno do qual são feitas as danças, o banco do pajé em forma de pássaro, e o longo banco coletivo em forma de cobra, onde se sentam aqueles que querem ser “benzidos”, seguem padrões de decoração tradicionais, com xadrezes e pontilhados bem coloridos. Ao longo do ritual, os espíritos “entram” nos objetos, transformando-os também em espíritos.

As formas e desenhos dos bancos e mastros são sonhados pelo pajé, de acordo com o Turé e com os bichos da mata que ele quer homenagear. Conjuntamente com os cantos xamânicos, as marcas ou pintas dos bancos e mastros cerimoniais constituem o patrimônio de um pajé.

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