Os Wauja (antes conhecidos como Waurá) são um dos povos tradicionais do Alto Xingu, hoje vivendo no Parque Nacional do Xingu. São falantes de uma língua maipure da família Arawak e constituem, ao lado dos Mehinako, Yawalapiti, Pareci e Enawene Nawe, o grupo dos Mairupe centrais. Cerca de 270 índios desta etnia residem em uma única aldeia circular que segue o modelo típico xinguano, de uma praça central com uma casa das flautas no meio.
Os povos do Xingu de língua arawak (Wauja e Mehinako) são descendentes diretos de várias populações originárias do sudoeste da bacia amazônica que estabeleceram as primeiras aldeias xinguanas a partir dos anos 800 e 900. Pesquisas arqueológicas mostram que entre os anos 1000 e 1600 esses povos eram muito mais populosos e habitavam enormes aldeias circulares interligadas por estradas e cercadas por valetas, paliçadas e caminhos terrestres elevados.
Os Wauja são bastante conhecidos por sua milenar cerâmica, sendo responsáveis pelo fornecimento de potes e assadores para todos os grupos que habitam o Alto Xingu. Além dela, muitos outros itens de sua cultura material continuam sendo fabricados, inclusive aqueles que poderiam ter sido facilmente substituídos por objetos industrializados, mas por motivos simbólicos continuam a desempenhar seu papel de reprodução da cultura wauja. É o caso dos bancos de madeira, que seguem uma estética semelhante à das vasilhas de cerâmica em forma de animais, tendo de cada lado do assento a cabeça e cauda da espécie representada. Além da cerâmica e do entalhe da madeira, os Wauja são conhecidos pelo grafismo de seus cestos, sua arte plumária e suas grandes máscaras rituais.
Uma das festas mais tradicionais dos Wauja é a dos apapatai, espíritos que causam o mal e fazem as pessoas adoecerem. Na festa, esses espíritos são personificados por grandes máscaras pintadas de palha, e a eles são oferecidas comida e diversão, em troca da cura mediada pelo pajé. Em geral, as festas exigem a fabricação de vários objetos rituais, que podem ser pás de beiju, máscaras, flautas, clarinetes, desenterradores de mandioca, pilões, cestos, panelas, flechas, etc.
A cultura material wauja tem se disseminado no mundo exterior, não apenas no sistema de trocas do Parque Nacional do Xingu, mas também no mercado do artesanato indígena brasileiro. Atualmente, a cerâmica tem um grande peso em sua economia.
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