Wayana e Aparai

Os Wayana e os Aparai são dois povos indígenas de língua karib que somam cerca de 750 indivíduos. Habitam três territórios, no Brasil, na Guiana Francesa e no Suriname. As duas terras indígenas no Brasil ficam no extremo norte do Pará, e compreendem 21 aldeias ao longo do rio Paru d’Este. Embora tenham origens distintas, os dois povos mantêm estreita convivência há mais de um século, o que gerou certa homogeneidade cultural, sem eliminar por completo as especificidades de cada grupo. Ambos compartilham uma longa história de migrações e de acolhimento de indígenas de outros povos fugidos de missões religiosas do rio Oiapoque e de colonizadores. Hoje, vivem em terra firme, próximos às corredeiras, onde praticam uma agricultura de baixo impacto ambiental, caça e pesca.
Os Wayana e os Aparai produzem uma ampla variedade de artefatos necessários para a vida cotidiana e para as festividades. Cestaria, cerâmica, armas, redes, bancos, máscaras e ornamentos com plumas são confeccionados de forma tradicional, incorporando grafismos que remetem a elementos míticos e celebram criaturas dos tempos antigos. Uma conhecida narrativa descreve como os desenhos foram vistos e copiados da pele pintada de um ser chamado Tuluperê (em Wayana) ou Oruko (em Aparai), associado tanto a uma lagarta (larva) ou lagarto sobrenatural quanto a uma imensa serpente. Os desenhos podem ser pintados, trançados com palha, entretecidos com miçangas, gravados em madeira ou desenhados em papel com lápis ou caneta.
As aldeias Wayana e Apalai têm sempre uma casa comunitária, circular e aberta, onde são feitas as reuniões e assembleias, celebradas as festas, hospedados os visitantes e sepultados o chefe da aldeia e sua esposa. No centro do teto da casa é colocada uma grande roda de madeira pintada com desenhos da lagarta mítica.
Nas refeições e durante os trabalhos artesanais, homens e mulheres sentam-se em bancos de madeira (kololo ou epehtopo). Os bancos femininos são mais baixos que os masculinos; ambos são talhados em um único bloco de madeira, geralmente cedro. Durante os rituais os jovens devem talhar bancos que são pintados com as mesmas tintas usadas para decorar a roda de teto. Outro tipo de banco (mijele) é destinado pelos Wayana aos homens idosos, aos especialistas. O assento é encurvado e suas laterais recebem pintura preta e depois grafismos pretos que são entalhados com a faca. Esses bancos podem ter a cabeça e cauda de vários animais, como o urubu-rei e o tracajá. Dentre os grafismos mais comuns estão o kaikui ou kaikuxi, que representa uma onça ou ser sobrenatural de duas cabeças, e o matawat ou atanta, que representa a larva de borboleta ou a serpente sobrenatural.

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