Os Kĩsêdjê, por muitos anos chamados de Suyá, constituem a única etnia a falar uma língua da família Jê no Alto Xingu. São mais de quatrocentos e habitam hoje quatro aldeias na parte sudeste do Parque Indígena do Xingu. Seu território ancestral, no entanto, era no rio Arinos, na bacia do Tapajós. Após a divisão entre os Suyá orientais e os Tapayuna, chegaram à região do alto Xingu entre 1850 e 1860. Lá eles assimilaram várias manifestações culturais de outros povos.
A autodenominação Kisêdjê significa “povo de grandes aldeias circulares”. Segundo suas narrativas, a sociedade Kĩsêdjê tomou forma por meio da apropriação de traços específicos de animais e inimigos indígenas. Assim, o fogo (e a prática de cozinhar) foi obtido do jaguar; o milho (e a prática de plantar) foi obtido do camundongo; e o sistema de nomeação (básico para a identidade social e para todas as cerimônias) foi obtido de um povo inimigo que vivia debaixo da terra.
A música é muito importante para os Kĩsêdjê. Em seu universo cosmológico, os Kĩsêdjê cantam porque através dos cantos podem restaurar ou criar a ordem de seu mundo. Trata-se de uma sociedade em que todos “fazem música” — nela, fazer música é também dançar, fazer política e comunicar algo sobre si mesmo. É o que tece a relação entre o indivíduo e o coletivo.
Na sua produção artesanal destacam-se as redes de buriti, a cerâmica, os chocalhos, os bancos de madeira e as esteirinhas de buriti ou inajá, trançadas com algodão.
Os bancos são feitos pelos homens com madeira de amoreira ou de almíscar ou breu. Neles são aplicados, com uma tinta escura à base de carvão, os mesmos desenhos usados na pintura corporal. São usados por todos na aldeia, porém a mulher não pode sentar-se no banco do marido, nem os filhos no banco do pai.
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