Hixkaryana

Atualmente, a maior parte dos Hixkaryana vive às margens do médio Nhamundá, rio que faz divisa entre os estados do Amazonas e do Pará. São dez aldeias situadas do lado do Amazonas e uma aldeia do lado do Pará. Há ainda duas aldeias situadas no médio Jatapu, estado do Amazonas. Muitas famílias hixkaryana estão misturadas a outros grupos, particularmente Katuena, Waiwai e Xereu, que habitam no rio Mapuera, estado do Pará. Outras poucas famílias hixkaryana moram, temporariamente, nas cidades de Nhamundá, Parintins e Manaus. No total somam cerca de 1240 índios.

Hixkaryana (hixka, veado vermelho; yana, povo; hixkaryana, povo veado vermelho) é um nome genérico para designar vários grupos de língua e cultura semelhantes, que vivem atualmente nos vales dos rios Nhamundá e médio Jatapu. Assim, a palavra engloba outros grupos que, muito provavelmente, tinham maior autonomia no passado e que, ainda hoje, em contextos locais, se autodenominam Kamarayana, Yukwarayana, Karahawyana e Xowyana.

A língua hixkaryana pertence à família linguística Karib e é falada por todos os membros do grupo. É muito semelhante a outros dialetos falados na região dos rios Trombetas e Mapuera, onde trocas matrimoniais e rituais resultaram no estreitamento das relações entre os diferentes grupos indígenas. Seus mitos em geral referem-se a um passado pré-cósmico no qual não havia distinção entre humanos e não-humanos; as narrativas apresentam humanos na condição de animais, tentando domesticar as plantas, dominar o fogo ou viver em sociedade.

É importante frisar, contudo, que muito se perdeu da cultura tradicional dos Hixkaryana em função da ação missionária. Evangelizados em 1958, abandonaram os rituais que envolviam o tabaco e as bebidas fermentadas. O papel do xamã ficou enfraquecido e todo um contexto de mitologia e atividades rituais de cura se perdeu, substituídas por festividades cristãs. Hoje existem práticas híbridas, que misturam os universos indígena e cristão.