Asurini do Xingu

Os Asurini do Xingu são um povo de fala tupi-guarani que ocupa uma aldeia na margem direita do rio Xingu, na Terra Indígena Koatinemo, próximo a Altamira, no Pará. Só foram oficialmente contatados na década de 1970, quando, após deslocamentos forçados e epidemias, estavam quase extintos, reduzidos a menos de 50 pessoas. Hoje, sua população passou dos 180 habitantes.

Os Asurini são conhecidos por sua cerâmica pintada com desenhos geométricos e acabamento brilhante. As vasilhas são feitas segundo um padrão de maestria tecnológica que é repassado às meninas desde pequenas. O resultado é uma variada gama de vasilhas, todas com paredes amareladas muito finas, recobertas de um ou mais grafismos e acabadas com uma camada de resina de jatobá que lhes confere um brilho característico. Além da cerâmica, também se destaca a tecelagem (redes, tipoias, tiras de cabeça e outros enfeites de algodão), cuja confecção fica a cargo da mulher.

Os Asurini compartilham uma complexa arte gráfica que aplicam não só sobre a cerâmica, que é um importante veículo de afirmação de sua identidade étnica, mas também sobre o corpo e sobre objetos de uso cotidiano e ritual. Os bancos de madeira também passaram a ser decorados com esses grafismos.

Na arte gráfica Asurini, a maioria dos motivos desenhados é uma variação de um padrão estrutural conhecido como tayngava, que quer dizer imagem ou representação. Ele está relacionado à noção de ynga (princípio vital), compartilhada por espíritos e humanos e manipulada pelos xamãs nos rituais. É a partir desse padrão, associado ao domínio do sobrenatural, que se produzem vários outros desenhos cujo significado remete à natureza (animais, plantas) ou à cultura (objetos produzidos pelo homem).

Dentre os Asurini, a arte gráfica tem a mesma importância que os rituais xamânicos na produção e transmissão do saber cultural e na reprodução da sociedade.
O xamã Asurini é a figura central no desempenho da vida social do grupo. Seu livre trânsito pelos diversos domínios do cosmo lhe permite o controle de forças que asseguram a resistência da sociedade. Os rituais xamanísticos, conhecidos como "pajelança", realizam-se com muita frequência, mobilizando todo grupo.

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