Yudjá

Os Yudjá são antigos habitantes das ilhas e penínsulas do baixo e médio Xingu. Com a invasão de seu território após a fundação de Belém em 1615, deslocaram-se rio acima e hoje vivem divididos em dois grupos, um no médio Xingu e outro no alto Xingu, em quatro aldeias ao norte do Parque Indígena do Xingu. Somam cerca de 880 indivíduos hoje, mas já foram 2 mil em 1848 e 52 em 1916. No século XVII, foram chamados de Juruna, que em língua geral significa “boca preta”, em referência à tatuagem escura que usavam ao redor da boca. Hoje, porém, eles se autodenominam Yudjá, ou “donos do rio”.

Os Yudjá falam uma língua do tronco tupi classificada na família de mesmo nome. No que tange à cultura, aproximam-se de povos que falam línguas da família tupi-guarani. Em 1989, o grupo Yudjá do médio Xingu contava com um único membro capaz de comunicar-se em juruna. Este é o nome com o qual o grupo foi chamado até recentemente. Há aproximadamente dez anos o grupo que reside no Parque do Xingu passou a usar apenas a autodenominação Yudjá. Tradicionalmente, os Yudjá portavam grandes bodoques redondos como ornamentos labiais e também alargadores de orelha. Esses costumes estão sendo abandonados, mas o significado cosmológico que os fundamenta ainda vigora, pois os discos labiais e auriculares remetem à importância cultural atribuída à audição e à fala. A orelha era furada para ouvir-compreender-saber bem, e o disco labial associava-se à agressividade e à belicosidade, qualidades relacionadas à autoafirmação masculina, à oratória e à canção.

Os Yudjá são exímios remadores e trouxeram para o Xingu a técnica de confecção de canoas de um só tronco. Possuem uma produção artística muito rica, representada sobretudo pela tecelagem e pelos bancos, remos, cerâmica e cabaças pintadas. As peças são decoradas com os motivos da pintura corporal, exibindo quase sempre espirais duplas separadas por linhas paralelas retas ou ondulantes.

Os bancos são talhados pelos homens e pintados pelas mulheres. Antigamente apenas os chefes e pajés podiam se sentar neles, mas hoje são para o uso de todos na aldeia.

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