Os Kamaiurá falam uma língua da família tupi-guarani e fazem parte dos povos indígenas tradicionais da área cultural do Alto Xingu. Jamais se afastaram de sua área de ocupação original, na região de confluência dos rios Culuene e Coliseu, com a aldeia próxima à grande lagoa de Ipavu. Em 1954, quando houve uma forte epidemia de sarampo na região, viram-se reduzidos a 94 indivíduos, mas hoje somam cerca de 600.
A aldeia Kamaiurá segue o modelo alto-xinguano, com grandes casas dispostas em torno de uma praça central, para a qual convergem os caminhos que conduzem tanto às moradias como aos lugares públicos, e onde se ergue a Casa das Flautas, atravessada medianamente pelo “caminho do sol”.
Em frente à Casa das Flautas, onde os objetos rituais são guardados, fica o banco da roda dos fumantes. Ali os homens se reúnem para conversar e discutir assuntos como a preparação de uma pesca coletiva, a construção de uma casa, a limpeza da praça ou os preparativos de uma festa próxima. É também ali que se faz, sempre entre homens, a distribuição de comidas (peixe, mingau, beiju, pimenta, bananas), geralmente em pagamento a serviços prestados por ocasião da construção de uma casa ou da queimada, limpeza ou plantio comunitário de uma roça, ou simplesmente como retribuição pela participação em alguma festa.
No sistema alto-xinguano de trocas especializadas, os Kamaiurá incumbiam-se da produção de arcos, o que se alterou com a introdução na aldeia de armas de fogo; o arco, contudo, persiste hoje na condição de símbolo do grupo. A cultura material dos Kamaiurá inclui ainda objetos como cestos, arremessadores de flechas, canoas de casca de jatobá, redes de dormir e de pescar e a flauta jakui. Os materiais empregados são de origem nativa — madeira, embira, fibra de buriti, algodão —, mas alguns produtos industrializados foram também incorporados à produção, tais como miçangas, fios de lã e de algodão, latas, pregos e corantes. Os homens adultos gostam de apresentar-se como os melhores construtores de casas do Alto Xingu.
Hoje os Kamaiurá organizam-se na Associação Mavutsinim, cujo objetivo é desenvolver projetos específicos, como a Escola da Cultura, em que homens e mulheres mais velhos ensinam as crianças e jovens a dançar, cantar, fazer artesanato e conhecer as histórias do seu povo.
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