Os Mehinako são um povo de língua aruak, habitante do Parque Indígena do Xingu, que abriga povos de línguas diversas. Pertencem, assim, a um amplo complexo multiétnico cujos habitantes compartilham não apenas o território, mas também diversas práticas culturais, celebrando rituais em conjunto, casando entre si, trocando alimentos e objetos. Somam hoje pouco mais de 280 indivíduos distribuídos entre duas aldeias no rio Coliseu. O posicionamento delas segue a longa tradição de aldeias circulares divididas em metades. O plano terrestre da aldeia replica a arquitetura do céu: o caminho do sol no céu deve ser paralelo ao grande caminho que vai do porto até o centro da aldeia. A Casa dos Homens, no centro, deve dividir em dois o caminho do sol, e o banco em frente à casa deve proporcionar, a leste, uma livre visão sobre a estrada entrando na floresta. Passando por cima da Casa dos Homens, o sol deve seguir seu caminho para oeste, até o outro rio, Tuatuari, onde se toma banho e onde o sol finalmente se põe. Demarcando o centro dessa arquitetura está o banco.
Na praça, em frente à Casa dos Homens, os habitantes da aldeia tomam decisões e realizam rituais aos quais todos os habitantes podem assistir a partir de suas casas. À noite, os xamãs se encontram para fumar e, sentados em seus bancos, discutem os acontecimentos do dia.
Excelentes artesãos, os Mehinako preservam seus artefatos tradicionais. Cabe aos homens a confecção dos bancos, máscaras e pás de beiju, além da amarração final dos cestos. As mulheres fazem o fio de buriti, as redes, os cestos e esteiras.
Os bancos tradicionais, chamados xepí, são zoomórficos; entre os animais mais representados estão o tamanduá (yúper), a anta (teme), a onça (ianumaka) e os pássaros (warapapá); talhados a partir de um único tronco de árvore, são decorados com pigmentos naturais retirados do pequi (amarelo), do urucum e da madeira mãwatan (vermelho) e da madeira iurilo e do carvão (preto).
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